Há um tempo atrás quando pela
primeira vez ouvi falar em internet, me parecia ser algo que viria para
substituir os correios. Acho que ninguém, nem de longe, imaginava a
transformação que estava para ocorrer. Marc Andreessen, criador do Netscape, e
o maior responsável pela explosão desse novo meio de comunicação, disse em sua
última entrevista a revista Wired, que
desde o início previa o que ia acontecer. Impossível. Se fosse previsível
mesmo, ele próprio teria criado Google, Facebook e milhares centenas de
outros negócios inovadores que aconteceram na rede mundial.
Por que “centenas” e não
“milhares” de negócios? Na mesma edição da revista Wired, Marc fala algo interessante: ele
estranha quando anda de carro pelo Vale do Silício e vê os prédios das empresas
instaladas por lá. Acha que são poucas. Acredita que com o potencial possível
da rede para fazer negócios, deveria haver um número muito maior de empresas.
Confesso que quando li a
entrevista achei o cara petulante. A internet não é uma conquista incrível? Já
não há um número enorme de negócios sendo feitos graças a ela? Eu mesmo tenho
dois sites na internet, página em duas redes sociais, conta em diversos
aplicativos de comunicação, e isso me ajuda a fazer um enorme número de negócios.
O número de reuniões que já tive via Skype, Facebook e outros foram
incontáveis. Recentemente até abri conta no Paypal para receber uma grana com a
venda de uns trabalhos. Mas tenho que confessar que de um tempinho para cá bati
em alguns limites na internet.
YOUTUBE 01
Tudo começou há uns quatro meses
atrás quando postei uns vídeos no YOUTUBE. Pouco tempo depois de postar,
observei uma dificuldade de encontrar os vídeos pelo sistema de busca do site.
Quando digitava as palavras encontrava material que tinha o mesmo gênero e
perfil do material que tinha postado, mas não da mesma qualidade. O que me
chamou à atenção naquele momento foi o número incrível de visualizações dos
vídeos que apareciam na busca. Tenho que dizer que me encantei com a
possibilidade de que meus vídeos alcançassem o mesmo público e a partir daí me
empenhei em sua divulgação.
FACEBOOK
Postei os vídeos nas redes
sociais do público alvo, e me associei a grupos que chegavam a reunir 40.000
associados. Resultado: quatro curtiam. De repente bati no primeiro limite. O
FACEBOOK e sua linha de tempo, onde surgem as postagens, parecem ser um grande
tudo do nada, ou vice-versa, não sei bem. Aquilo que você posta parece que tem
que ser curtido pelo maior número de pessoas em poucos minutos, caso contrário
some debaixo de outro milhão de postagens subsequentes. Senti o óbvio. FACEBOOK
é a página do EU e um EU temporário, fumegante, extremamente fugaz. De repente
entendi porque muitas empresas começaram a acreditar que o FB não era assim um
negócio tão bom. A razão para isso acontecer era justamente a razão do sucesso
da rede social: quando as pessoas entram ali estão em busca de encontrar com os
amigos e falar de si, não de comprar produtos. Se alguém está interessado em
comprar um produto, busca uma loja virtual, um site de comparação de preços, um
site de leilões, de anúncios, ou mesmo o próprio site de buscas. No caso de
empresas, o FACEBOOK parece ser muito mais um processo de valorização de
marcas, o tal CURTIR, do que um local apropriado para o comércio, ou mesmo a
publicidade, e enquanto escrevo isso uma amiga me diz que ela aparece tendo
CURTIDO páginas de produtos que nunca curtiu. É o FB tentando valorizar a marca
de seus anunciantes NA MARRA.
Há outras coisas interessantes:
encontrei um site na rede social que tinha mais de 40.000 pessoas acompanhando
suas postagens, pelo menos é o que aparecia escrito lá, mas quando ia para as
postagens, a média de CURTIDAS variava entre os 400 e 500, e quando havia uma
proposta de venda de um produto, com o link indicando onde comprar, aí o número
de pessoas que curtiam caía para 37 pessoas. Isso faz pensar, não é? De 40.000
possíveis clientes, para efetivos 37... (Isso equivaleria a 0,0925% do tal
potencial!) Mas aí é que está! Não acredito que o potencial fosse 40.000
clientes. Acho que o potencial eram os habituais 400, 500, que curtiam as
postagens ocasionalmente. O que aconteceu com os outros 39.500? Ora, não
acessaram a internet no dia e na hora em que a postagem de venda foi oferecida.
Quando abriram seu perfil, a postagem já não estava mais ali, havia sido
engolida por milhares de outras, ou quando entraram estavam mais interessadas
em postar seu próprio conteúdo, ver o que os mais chegados haviam postado, do
que comprar produtos. Bem, desisti de fazer a divulgação dos vídeos no
FACEBOOK.
YOUTUBE 02
Voltei ao YOUTUBE e aos vídeos
que tinha assistido antes e que faziam milhões de visualizações. Simplesmente
não compreendia. ERAM MUITO RUINS e estavam sendo vistos por milhões, enquanto
meus vídeos tinham alcançado a marca de apenas 17 visualizações. Era engraçado.
Os vídeos tinham o mesmo perfil e os meus eram melhores. A razão estaria em um
fato simples: o próprio YOUTUBE é uma rede social. Óbvio, não é? Nem tanto,
confesso que até aquele momento tinha o visto apenas como um local onde se
guarda e procura conteúdo audiovisual. Uma coisa interessante é que quando você
usa o motor de busca do YOUTUBE ele dá privilégio aqueles vídeos mais vistos,
mas quando você clica em um deles aparece um cardápio de outros vídeos assemelhados.
Comecei então a tentar integrar o meu canal ao canal daqueles vídeos de
“sucesso”. Tentar me linkar de alguma maneira. Percebi que vários outros
tentavam fazer o mesmo e igualmente sem sucesso. Percebi que motor de busca do YOUTUBE valoriza os vídeos mais vistos e
que muitas vezes os mais vistos eram aqueles que estavam há mais tempo postados
no site e não necessariamente os melhores. O cardápio que a página mostra
quando você clica em um dos vídeos não foge do padrão, são os vídeos mais
vistos e havia clara relação com o tempo em que estavam postados.
A coisa ficou mais interessante
quando eu mudei as preferências de busca, algo que o usuário tem que fazer de
forma consciente, pedindo priorização de vídeos mais recentemente postados.
Para mim, a surpresa foi ver MAIS DO
MESMO. Não eram os mesmos vídeos,
eram outros, mas eram extremamente assemelhados aos do primeiro sistema de
busca. Percebi que o motor de busca do YOUTUBE me oferecia os vídeos mais
recentes postados por aquelas pessoas que postaram os vídeos mais vistos! O
motor de busca do YOUTUBE valorizava aqueles vídeos de usuários que há mais
tempo postam, sem a menor relação com qualidade, ou inovação. É simplesmente um algoritmo de busca que
te leva a ver MAIS DO MESMO DE QUEM CHEGOU PRIMEIRO!!! Bem, ainda
tenho alguns vídeos postados no meu canal, mas tirei de lá todos os vídeos em
que estava tentando a experiência. Poucos dias depois uma amiga me mandou um
vídeo que ela colocou no YOUTUBE. Tinha mais de 130.000 visualizações. Era uma
aula de dança, uma música de sucesso coreografada por ela. Pelo que ela me
disse, ao que parece, toda vida que alguém coloca o título da música e a
palavra “coreografia” junto, vai bater no vídeo dela. INEVITAVELMENTE! Qual a diferença entre meus vídeos e os dela? É
que as palavras de busca usadas no site já estão linkadas em definitivo aqueles
mesmos vídeos. Isso não acontece às palavras chaves que ela usou. Daqui há alguns anos, muita gente talvez ainda
digite as mesmas palavras e pode ser que hajam mais vídeos relacionados, mais
novos, mas a minha amiga sempre vai aparecer na frente, porque ela chegou
primeiro. De 20 dias atrás, quando ela me mandou o link até agora, o vídeo
pulou para 150.000. 1.000 visualizações por dia e ela colocou para monetizar.
CONTINUA...